segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Manhê, ele me copiou

Eu tento ficar longe do Debord e da Sociedade do Espetáculo, mas eu simplesmente não consigo. Minha mão coçou ontem depois de mais um barraco via twitter. Aliás, quem não entrou no twitter não sabe o que está perdendo; o melhor local de barracos do mundo online e onde você pode ver os seus ídolos fazerem “sena” e descerem do pedestal. Recomendo como fonte de risadas e para deixar o stress de lado.
Tudo começou ontem à noite quando o Luciano Huck (o marido da Angélica) resolveu dizer que o Gugu copiou o quadro do Caldeirão do Huck. Leia o resumo aqui no post do Maurício Stuycer
. Não sei quanto a vocês, mas a reclamação do Luciano Huck me soou tanto como o discurso daquelas crianças birrentas que vão chorando pra mãe dizendo que o coleguinha está copiando o que ele faz. Algo do tipo: “A bola é minha e se eu não jogar ninguém joga”; quer fazer birra? Pois bem, faça birra por algo que você tenha razão.
Meus pêsames Huck, Gugu, Faustão e toda laia que faz programa na televisão aberta brasileira: Vocês não passam de meras cópias. E eu nem posso dizer que são cópias bem feitas que alguns programas deixam muito a desejar dos prováveis originais, ou melhor, do local que vocês usaram para copiar – que também deve ter sido copiado de outro local e por aí vai.
Plagiando Chacrinha: “Nada se cria, tudo se copia” eu acrescentaria: “Nada se cria, tudo se copia, se modifica um pouco e se assume a autoria”. É isso mesmo o que os programas fazem. Nada em televisão nenhuma do mundo é original; ninguém pode reivindicar a autoria de nenhum programa. Foi criado um formato, ele fez sucesso e é amplamente copiado; a única coisa que muda é a forma como ele é apresentado ao telespectador.
O que acontece é que ele aparece com diferentes roupagens e isto faz com que o telespectador tenha a errônea impressão de que assiste algo inédito, algo inovador que vai revolucionar a sua vida. Na verdade não passa de algo “mais do mesmo”, uma mera cópia que é divulgada mundo afora e cada um se diz pai de um filho que não lhe pertence. Ninguém tem sequer o direito de reivindicar a autoria de nenhum programa televisivo, filme, herói, banda; nada que seja o mais novo sucesso do momento, já que o mais novo sucesso do momento não passa de algo antigo.
É tudo cópia com uma roupa diferente. Dando um exemplo melhor: é como se você visse uma pessoa um dia com certa roupa e no outro dia achasse que conheceu alguém diferente porque ela está com outra roupa. É um exemplo pífio, mas é realmente assim que funciona.
Então Luciano Huck, você não pode reivindicar e nem ficar bravo se assistir em outra emissora um programa parecido com o seu. Nem nenhum outro apresentador pode fazer o escândalo que você fez por ver um quadro do programa em outra emissora. Pra começo de conversa qualquer quadro que se apresente na televisão brasileira é uma cópia de algum estrangeiro. Quem tem televisão a cabo ou navega pela internet sabe muito bem disso. E provavelmente aquele programa estrangeiro também é uma cópia de algum outro programa.
Então parem de achar que os programas lhes pertencem, pois se todos começarem a fazer o mesmo por ver uma cópia da cópia, da cópia em outro local, os programas irão todos acabar, pois não há nada inédito, original ou genuinamente feito por aquela pessoa X que só existe naquela emissora X naquele programa X.
O Gugu copiou o Lata Velha do Caldeirão do Huck – ora, como se você leitor nunca viu em nenhum outro local um programa de reconstrução de carros - e certamente o Huck já deve ter copiado algum quadro do Gugu e todos os programas copiaram a fórmula de que assistencialismo de sábado de tarde e de domingo o dia todo trás IBOPE e atrai as pessoas.
Exposto tudo isso, será mesmo que Luciano Huck ou qualquer outro apresentador tem o direito de reclamar? Se o produto foi explorado a exaustão, a fórmula funciona há tempos e não há sinal de que a população percebeu que assiste há séculos “mais do mesmo”, porque todo esse medo da cópia? Será que eles começam a se dar conta de que o telespectador não é tão burro assim e percebe que tudo isso é obra da Sociedade do Espetáculo que quer que eles consumam tudo à exaustão sem se importar com o que estão consumindo e que bem aquilo fará para eles?
Bom, eu acho que não. Mas quem sou eu para achar algo? Esses pensamentos são apenas cópias dos pensamentos do Debord que por sua vez eram cópias de...

domingo, 22 de novembro de 2009

Mais um filme de catástrofe em uma catástrofe de cinema

Esta é uma resenha crítica (no sentido literal da palavra mais uma vez) do filme 2012. Ou seja, se você ainda não viu o filme e quiser ver, pare de ler quando eu escrever PARE; a não ser que você esteja em dúvida se vai ou não ver. Continuar a ler depois de determinado ponto é por sua conta e risco. Mas antes de falar sobre o fim do mundo, destruição e prédios caindo, vamos fazer duas outras críticas: Uma direcionada a rede Moviecom outra direcionada as pessoas que vão ver filmes no cinema.

Primeira: Moviecom é a única rede de cinemas existentes na fatídica cidade de Jundiaí; não temos outra opção além de pagar o preço absurdo por um cinema de qualidade não tão boa e enfrentar filas e mais filas porque o atendimento online não funciona e os guichês de auto-atendimento ficam mais quebrados do que funcionando. Além disso, a rede resolve deixar em cartaz certos filmes por meses e deixam de exibir outras estréias. Quer ver filme? Vá a outro cinema, em outra cidade porque aqui você não vai conseguir. Sem falar que tem filme que nem tem opção de cópia dublada ou legendada. Resumindo: que orgulho de ser obrigada a ver filme na Moviecom. E já ia me esquecendo, não estranhe se você assistir filme desfocado, sem enquadramento ou se no meio do filme eles pararem a exibição para acertar esses detalhes; é super normal isso acontecer.

Segundo: Cinema não é barato. Não sou mais estudante, então pago quase que 16 reais para ver o filme. Minha mãe me ensinou que no cinema nós fazemos silêncio e respeitamos quem vai assistir ao filme; ah, e não pode colocar o pé na cadeira e também não pode chutar a poltrona da frente. Entrei no cinema para ver 2012 e na última fileira tinha um bando de crianças fazendo zona, logo pensei que os pestes iam dar trabalho durante o filme. Mas, para a minha surpresa foram outras crianças e um adulto responsável que deram trabalho. Três pestes sentadas na fileira atrás da minha não paravam de falar e reclamar o filme todo. E para ajudar, o responsável e pai de uma das pestes resolveu que chutar a cadeira da frente (a minha) ia ajudar a passar o tempo; as crianças que façam zona e conversem alto que ele nem falou nada; outros reclamaram mas “xiu” não faz efeito. Deixando bem claro que o espaço entre uma fileira e outra é relativamente grande; sem motivos para encostar a perna na poltrona da frente. Provado realmente que educação vem do berço. Temo por quando essas crianças forem adolescentes.

Vamos ao filme. SE VOCÊ QUER VER 2012, PARE POR AQUI; NÃO PROSSIGA. VOCÊ FOI AVISADO.

Na verdade eu estava curiosa em saber o que eles fariam com a previsão dos Maias sobre o fim do mundo; diga-se de passagem, mais uma previsão entre tantas que talvez não se concretize, até 2012 tem chão. Ok, eu confesso que alinhamento de astros provocarem superaquecimento dentro da terra é um pouco demais. Mas a parte dos desastres naturais é bem realista, de certo modo.

O que eu vi foi uma mistura de todos os filmes de catástrofe já feitos por Hollywood. Conforme as cenas foram passando era notável saber de que filme aquilo foi retirado. Ou seja, mais do mesmo como sempre. Tudo bem que eu sei que quando você vê um filme uma vez, você verá todos que ainda serão produzidos. Mas 2012 extrapola todas as expectativas da mesmice.

Primeiro a cena clássica: Um americano descobre o fim do mundo (ok tem um indiano no meio, mero coadjuvante). Depois é claro que eles escondem o fato do resto do mundo e só o G8 vai saber; Adeus Brasil, os pobres continuam morrendo.

Depois a outra cena clássica da família americana desunida: o pai vagabundo e a mãe recém-casada com um partidão; a filha pequena com problemas noturnos de molhar a cama adora o pai, o menino odeia o pai e idolatra o padrasto.

E é claro que o pai leva os rebentos para acampar justamente onde está uma base dos EUA que estão cuidado das catástrofes que vão acontecer e conhece o americano salvador da pátria que está comandando as forças anti-2012.

Depois o que se vê é a maior cena de marmelation que já se viu em qualquer filme. A cidade toda sendo engolida por um gigantesco buraco e o protagonista consegue sozinho, com uma limusine desviar dos prédios, rodovias e do chão se abrindo sem arranhar a pintura do carro. Consegue chegar a um aeroporto, ainda intacto e coloca o padrasto das crianças para pilotar o avião; super simples pilotar o avião. Saem de lá sem nada, ilesos.

A cena mais intrigante é a destruição do resto do mundo: dura eu acho que nem 1 minuto e mostra o Cristo (a única coisa que gringo conhece do Brasil) sendo destruído e a GloboNews transmitindo (pagou quanto dona Rede Globo?). Não sei como ninguém reclamou da cena, afinal fizeram um escarcéu quando filmaram Turistas.

Depois de mais e mais cenas de marmeladas, eles descobrem que foram construídas arcas (que original não? Quantos filmes que você já viu que as pessoas constroem arcas?) para salvar a população. E adivinhem só: quem pagou mais leva; adeus pobres, vocês continuam morrendo. E a desculpa pra venda dos “ingressos” é a mesma; salvar as pessoas e financiar a construção. Digno

Detalhe que essas arcas estão na China e eles vão voando até lá, em um outro avião sem ninguém saber pilotar, o combustível acaba, mas milagrosamente a China está mais perto pelo deslocamento da terra; surpreendente.

É claro que esses se salvam, o padrasto morre, mamãe e papai se reconciliam o pequeno acha que papai é herói e a pequenina para de fazer xixi na cama. E os Estados Unidos salvaram a humanidade mais uma vez.

Os efeitos especiais valem à pena. Só. Porque do resto nada que você já não esteja cansado de ver. Criatividade anda passando longe dos cineastas. Os Maias deram um prato cheio para Hollywood, e nem assim eles souberam aproveitar.

Não é por falar, mas eu gosto dessas previsões sobre o fim do mundo e até certo ponto acho bem possível a terra se “autodestruir”. Claro que não digo que isso será obra do alinhamento dos planetas como dizem os Maias, mas do jeito que andam matando o planeta, dia após dia e com tantas catástrofes naturais, pode ser um alerta. Mas o alerta só será levado a sério quando os EUA quiserem; afinal eles sempre salvam o mundo.

Em tempo: Não, não sou anti-EUA, mas essa história de americanos são meus heróis é um pouco batida e chula demais; bateu-se tanto na mesma tecla que cansou.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Vivendo uma fase egoísta

Sabe quando você cansa de ser um estepe e um muro das lamentações?


Pois é, por incrível que pareça, até a mais boba das pessoas um dia aprende que ser a reserva de alguém - popularmente conhecido como estepe, não tem graça nenhuma. Sair deste posto não é fácil, é tão cômodo para quem é reserva ficar ali, esperando, torcendo e treinando para o dia que finalmente vai entrar em campo.
O problema é que todo reserva pensa que, depois de uma partida bem feita, vai virar titular. E é aí que mora o problema. Quem tem um estepe gosta tanto, e acha tão cômodo ter um que não se importa, muito menos dá a chance para ele virar titular. E não se engane meu caro; se você ainda não é um estepe você vai ser. Se nunca Fe ninguém de estepe, um dia vai fazer.
Imagine só você ter ali, a sua disposição uma pessoa que a qualquer momento você pode desabafar usar e abusar sem dar explicações, pedir nada em troca, ser julgado. E quando o período de necessidade acabar, você larga o estepe e o deixa inativo até o dia que você precisar dele de novo. Acontece muito isso com homens ou mulheres que saem de um relacionamento e querem curar a dor de corno deles; quem eles procuram nessas horas? O estepe, é claro.
E o estepe, muito tonto fica com a esperança de que a próxima vez vai virar titular e começa tudo de novo. O estepe sempre fica ali por perto, se preocupando, dando conselhos, indo atrás da pessoa só para garantir que ela está bem. O estepe é aquela pessoa que se preocupa, vai atrás e gosta de cuidar do outro. É o típico carente que se contenta com qualquer esmola de atenção e carinho que recebe.
Demora, mas tem um dia que esse estepe cansa e quer dar um basta em tudo isso. E pode apostar que esse vai ser o dia mais feliz do estepe; afinal ele não vai ter mais que se preocupar com aquela pessoa que não liga a mínima pra ele. Muito menos servir de muro das lamentações.
Aliás, servir de muro das lamentações também não é uma tarefa muito agradável. A pessoa só te procura para despejar problemas e mais problemas esperando que você resolva ou dê uma solução mágica. E quando isso não acontece, a pessoa ainda diz: ”ah, como se fosse fácil” ou “o problema não com você mesmo”. E quando a pessoa te xingou, tratou mal e desabafou ou o problema foi resolvido, o que acontece? Ela desaparece.
Mas se o problema aumentou por causa de um conselho que você deu, agüente, pois coisas piores virão; além de muro das lamentações você será também a causa de todos os problemas dela. E pode apostar que ela vai despejar todo o ódio e frustração em cima de você; afinal de contas é você que deveria ter resolvido o problema dela.
Geralmente o muro das lamentações só tem tempo para conversar com você se o assunto for ela mesma. Caso contrário, não insista em tentar falar sobre você ou qualquer outro assunto. E também não se assunte com a falta de respostas em qualquer uma dessas situações.
Mas é claro que nenhuma dessas situações se aplica aos amigos, já que só entram nessa categoria pessoa que não te fazem como estepe e estão ali para ajudar e serem ajudadas. Os que te fazem de muro das lamentações e estepe apenas dizem ser seu amigo para conseguir todos os benefícios que a vida de estepe vai proporcionar para ele.
É por isso mesmo que eu digo que estou vivendo uma fase egoísta. Libertando-me de todos os cargos de estepe e muro das lamentações – ok, todo nem tanto porque sempre tem um que a gente resolve ficar de estepe caso um milagre aconteça. A melhor coisa que eu fiz: a partir de agora só me preocupo com quem se preocupa comigo.
Quer fazer parte da minha vida? Ótimo, seja bem vindo, sente e fique à vontade. Não quer? Só lamento você vai perder toda a diversão. E não ache que pode me fazer de estepe; nessa eu não caio mais. Quer dizer, espero eu que nunca mais caia. Ser estepe não é nada agradável.

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