terça-feira, 27 de outubro de 2009

Os novos ídolos e a cabeça de vento dos jovens

Esses dias eu estava prestando atenção ao conteúdo da televisão e em uma premiação de música que estava acontecendo. Mais precisamente vendo o malfadado VMB (Vídeo Music Brasil). E é claro que foi inevitável perceber que os ganhadores na verdade são os ídolos da garotada. Eles são seguidos, imitados, copiados e esse é o novo padrão dominante, até que a Sociedade do Espetáculo se canse daquelas caras e coloque novas no lugar, com o mesmo conteúdo – ou mais precisamente com a falta do mesmo. Então me lembrei do que meus amigos Theodore Adorno, Max Horkheimer, Campbell e até mesmo o conhecido do blog: Debord. Todos eles, há muitos anos atrás já formaram teorias e já disseram algo sobre isso que pode ser muito bem aplicado nos dias atuais. Fica muito fácil de imaginar qual será o futuro dos jovens. E algo me diz que ele não é nada bom.

“O mito é um totem. O que ele faz, o público tendencialmente o imita: seja um penteado, uma roupa ou um gesto. As pessoas copiam e idolatram osmitos, vestindo-se como eles, vivendo como eles e, principalmente, vivendopara eles. Para a audiência, o mito emergente da TV é um Deus, que está eternamente em construção.” – Créditos: Eu e Thais Helena Areas Crispim – antes que ela brigue comigo.


Qual são os ídolos de hoje? Bandas de estilo emos, com atitudes melancólicas e músicas sem letra e conteúdo que remeta o jovem a nada com lugar algum. Ídolos são os atores de novelas que quando não são assessorados cometem gafes e se mostram apenas mais um no meio, sem brilho, sem nada de especial; sem personalidade alguma. Vivem do exterior, do estilo: seja como eu e não me pergunte por quê.
Personagens que cultuam o corpo e mostram que você não precisa estudar para se dar bem na vida; basta aparecer na televisão; e olha que você nem precisa dizer nada, apenas faça o que te mandarem. Pessoas vazias, apenas repassando uma forma, um sistema de consumo; quanto mais as pessoas consomem o que se vê na novela, se ouve nas rádios, mais se quer ter aquilo; independente se é necessário ou não. Não importa a mensagem que aquilo passe – ou a falta da mesma. Aquele arquétipo vazio está lá para ser copiado. É o novo ídolo. É o novo mito, e ele tem influência direta na vida das pessoas, já que elas na sua maioria se baseiam nesses personagens no dia a dia, a cada minuto e veem neles a oportunidade de algo a ser copiado; que vale a pena ser copiado.
Que ídolos e mitos esses adolescentes estão seguindo e qual é a consequência disso na vida deles? Ídolos que não tem nada a dizer, que fazem letras vazias e tem estilo melancólico? Atores e personagens que cometem gafes, que preferem aparecer em escândalos e dizer bobagens, sem saber ao certo que cada vírgula que dizem, cada atitude que tomam tem influência direta na vida de milhares de jovens que o cultuam como mito.
Como pode crescer um jovem que é bombardeado diariamente com ídolos vazios e representações sem conteúdo? Tornar-se-ão que tipo de adultos? Mentalmente escassos e tão vazios quanto os seus ídolos?
Os ídolos têm a função de criar e ajudar a formar o caráter das pessoas. Eles existem para dar rumo e ensinar lições da vida. Se o culto a imagem em detrimento ao cérebro e o esvaziamento de conteúdo predominam, como formar um adolescente ou uma criança que aprende que não ter nada para dizer é bom? Como fazer ele se importar com a sociedade quando é bombardeado com representações de que só ele, e nada mais importa?
A mídia sabe do poder que tem, e quanto mais formar jovens alienados que consumam os produtos sem questionar, melhor para ela. Quanto mais publicidade e noticias vender para esse grupo de pessoas, mais o espetáculo se tornará grandioso, e ao mesmo tempo vazio.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ter opinião custa caro

Quantas pessoas você conhece que tem a coragem de falar o que realmente pensam? E quantas são aquelas que foram censuradas por causa disso?
Eu já descobri – e da pior maneira possível, que ter opinião custa caro, não é fácil, mas é altamente recompensador se você for pensar bem depois. Ter opinião, às vezes, significa que você vai contra o senso comum, que vai além dos fatos e isso acaba causando incômodo entre as pessoas, já que elas estão tão acostumadas a aceitar tudo, e não perdem mais tempo “pensando” no assunto.
Não é fácil você ouvir alguém que pensa diferente de você. Algo me diz que o ser humano não gosta de ser contrariado. É difícil saber que alguém não pensa como você e a primeira reação nesse caso é o protesto e a censura.
Todo mundo já sofreu com isso, e às vezes prefere-se o silêncio a ter que escutar certas coisas desproporcionais ao assunto. Um exemplo: Não me lembro que aula era, deveria ser de filosofia no sexto semestre da faculdade, o professor passou o filme
“A carne é fraca”. Todo mundo chorou, se revoltou e jurou de pé junto que nunca mais ia chegar perto de um bife na vida.
Pois bem, o professor vendo que eu não expressava reação alguma quis saber minha opinião; neguei, pois já que sabia que ia contra o que todos achavam e para ouvir desaforo eu fico calada – algo que também aprendi a muito custo. Como ele insistiu muito eu disse que aquilo e nada PARA MIM era a mesma coisa, já que eu não conseguia sentir dó de vaquinhas que morriam para suprir a fome enquanto crianças morriam sem ter o que comer.
Pronto, estava feita a tragédia grega misturada com novela mexicana. Insensível foi o apelido mais bonito que me deram – o que na verdade eu gostei, pois quando você choca as pessoas é sinal de que elas começam a rever os conceitos; é como se acedessem o estopim. E qual é o problema da minha opinião? Ela pode ser fora do senso comum? Naquela hora era mesmo, mas acima de tudo ela é a minha opinião; com embasamento e fatos que a sustentavam.
O problema é que as pessoas não conseguem respeitar a opinião alheia e querem a todo custo calar quem a diz. Foi esse o caso; é o que acontece diariamente nas redes sociais como o
Twitter, Orkut, Facebook e até mesmo nos Blogs. Eu mesmo já tive que apagar um blog por conta de má interpretação alheia. Será que é mesmo tão difícil assim aceitar que as pessoas não pensam igual e é por isso mesmo que a sociedade é um local interessante?
Muitas vezes se censura a opinião do outro por achar que você está impondo isso à todo mundo. Se todos acham que azul é a cor do momento e você diz que prefere o roxo, vai arrumar problemas dos mais variados, entre eles ser chamado do contra, infeliz, nazista, e mal-amado – solte a imaginação e preencha como bem entender. Você paga por aquilo que diz e pelo o que pensa que acaba preferindo ficar calado ao se manifestar.
Ter opinião não significa que eu quero mudar a sua e impor a minha. Muito pelo contrário, se todo mundo pensar igual, como ficam os debates, trocas de ideias e tudo mais que surgem quando opiniões contrárias se unem e dão riqueza de fatos e argumentos relevantes ao assunto?
E muito menos significa que eu obrigo alguém a pensar igual a mim ou agir da mesma forma: Não é porque eu sou a favor do aborto que eu obrigo todas as mulheres a abortar; não é porque eu sou contra a
Copa e as Olimpíadas que todo mundo tem que ser. Respeitar a opinião, ou melhor, o que é diferente não é fácil. Seja um modo de agir, de pensar ou de ser; as pessoas estão tão acostumadas com a padronização de pensamento e atos que se esquecem que há outras formas de encarar as situações e que elas também são validade e devem sim ser levadas em consideração.
Mas é muito mais fácil tacar pedras em quem é diferente ou pensa diferente do que debater de forma saudável. A tentativa de censura só prova a falta de argumentação e o fato de que não se pensa mais: apenas se aceita o que lhe é imposto e nada mais. Se disserem que água do Rio Tietê faz bem para a saúde e todo mundo deve tomar e eu falar que sou contra ou que não gosto, a errada serei eu; todo mundo aceita e acabou, onde fica o debate saudável? Dizer que a água do São Francisco é mais saudável então seria quase que se enxugar com o santo sudário.
Ledo engano das pessoas que acham que a tentativa de censura impede alguém de se manifestar. Direito a liberdade de expressão é garantida pela constituição e ninguém é obrigado a pensar como todos, muito menos a aceitar calado o que não lhe agrada.
Ao invés de censurar, argumente, debata. Procure fatos que suportem a sua tese e mostre que você também é capaz de pensar de outra forma que não seja aquela imposta por todo mundo ou que mais agrada as pessoas ao seu redor. Agradar os outros copiando a opinião deles de nada adianta.

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