quarta-feira, 14 de abril de 2010

A vida não é um conto de fadas, nem uma comédia romântica.

Eu vi um vídeo esses dias que cortou meu coração. Não sei se vão retirar do ar, mas é esse Uma pequena, de apenas 4 anos de idade chorando. Quem não conseguir ver, entre no Ah!Tri Né! ou no Não Salvo.
Ok, toda criança dessa idade chora. Qual é a novidade? Simples, a pequenina estava chorando por amor. Sim, ela ia se mudar para o Japão e teria que deixar de lado o grande amor da sua vida: seu professor da escola.
Que merda, não é?! Com tanta coisa boa para se ter de lembrança nessa idade, a menina vai ter que conviver para sempre justamente do dia que sofreu por amor?
Pois é caros, é desde cedo que se aprende que a vida não é um conto de fadas, não é uma novela e não se parece em nada com uma comédia romântica. E te garanto, que ser mulher nessas horas não é nada bom; aliás, é péssimo.
Os meninos crescem com as histórias de heróis, lutas, guerras e afins. E as meninas crescem com os famosos contos de fada, brincadeiras de casinha e de bonecas. E alguém já se deu conta de porque isso é dessa maneira?
Meu amigo Joseph Campbell (aquele que é figura repetida nesse blog; dá um search que você acha algo sobre ele por aqui) ajuda a explicar: Desde cedo as pessoas precisam de modos, maneiras e até mesmo de um certo “manual de instrução” para como conseguir viver a vida.
Ou seja, os homens eram responsáveis pelo sustento, pela caça, moradia e por prover tudo o que a esposa e a sociedade precisavam. A mulher tinha o papel de procriação, de cuidar do lar e fazer a comida.
Então, desde que a humanidade é a humanidade, foi-se feito essa distinção entre os dois seres: os meninos eram preparados para a guerra e para trazer o sustento para a casa e a mulher era criada para cuidar dos filhos, fazer a comida.
E essa história, ou esse mito permanece até hoje. Por isso que as meninas brincam tanto de bonecas e de casinha: esse é o treinamento que elas recebem para quando crescer conseguir ser mãe, cuidar dos filhos e do marido.
O problema é que os mitos não se alteram, eles são histórias contadas de geração para geração; não mudam mesmo que as necessidades das sociedades sejam diferentes. Hoje em dia a menina não precisa mais saber como cuidar do lar e dos filhos; nem toda mulher é mãe ou decide se casar.
E nessa onde de “os mitos não mudam” as histórias de contos de fadas não se alteraram. E “todos vivem felizes para sempre” ainda é o discurso mais entoado por todas as produções midiáticas que se tem notícia.
Claro, ninguém vai ao cinema para ver algo triste; para ver a mocinha ficar com o vilão, o mocinho morrer e não ter o típico: “happy after ever”. Mas o problema é que essas histórias fazem parte da realidade das mulheres (vou falar das mulheres porque é algo do tipo “sentindo na pele”, mas se algum homem quiser se manifestar, à vontade).
Desde cedo você lê, ouve e se imagina com aquele finalzinho perfeito, com o príncipe, carruagem; aquele casamento da novela das 20h, etc. A necessidade de corresponder a tudo isso que está a nossa volta é tanta, que uma mulher acompanhada fica por muitas vezes com o parceiro por comodismo, por falta de querer encontrar algo melhor; é como se aquele fosse seu último fio de esperança... Ele é o sapato em liquidação, a bolsa mais desejada; algo tão vital que não se pode ficar sem.
E quando a mulher não encontra esse fio de esperança? Só fica assistindo as comédias românticas, novelas e lendo romances. E o que acontece quando nada disso acontece?
Acontece que ficamos igual a guria do vídeo do começo do post. Isso vai acontecer aos 4, aos 19,20, 35, 40, 50... isso acontece em toda a sua vida. Só que a pobrezinha não precisava descobrir isso tão cedo.

Relacionamentos não são sufocantes, nem infinitos; comodidade acaba com qualquer relação e transforma aquele príncipe encantado em um ogro. Se a necessidade e a pressão não fossem tanta, haveria tantos homens e mulheres desesperados por encontrar um companheiro? Se agarrariam tanto assim com unhas e dentes a alguém que nem ao menos chegam a tolerar?
Quem sabe se nós, mulheres, colocássemos os pés no chão e largássemos toda essa baboseira de happy after ever os nossos relacionamentos fossem mais racionais, maduros e não sentíssemos tanta a necessidade de agarrar a primeira alma penada que aparecesse na rua.

Mas não, tinham que enfiar a baboseira de contos de fadas em nossas mentes. Isso devia ser considerado lavagem cerebral... É culpa de vocês, inventores do sadismo chamado “Felizes para sempre”, que essa pobre criança de 4 anos está chorando. Durmam com um barulho desses.

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