quinta-feira, 20 de maio de 2010

Eu quero viver no mundo de Alice

Continuando o tema do post anterior, ou seja, conto de fadas. Se bem que eu não tenho muita certeza se Alice no País das Maravilhas pode ser considerado um conto de fadas; pelo menos eu não o consideraria, já que não tem aquela baboseira de happy after ever, muito menos de príncipe encantado, etc. e tal. Se alguém quiser corrigir a informação, fique a vontade.
Mas, como a vida não é um conto de fadas, vou levar em consideração que Alice no País das Maravilhas não é um conto de fadas; muito porque eu estaria caindo em contradição dizendo que queria viver no mundo de Alice.
Anyway, vamos para de divagar e ir direto ao o que interessa.
Alice no País das Maravilhas certamente é o único conto infantil que ainda me fascina. Primeiro porque ele não faz sentido algum. Muitos já tentaram decifrar o que Lewis Carroll tentou dizer e ninguém ainda chegou a conclusão alguma. Ou seja, temo eu dizer que Alice no País das Maravilhas é LSD total, só pode ser.
Bom geralmente eu uso a expressão “Viver no mundo de Alice” para designar pessoas que vivem fora da realidade, ou seja, estão em uma terceira dimensão, realidade paralela e não conseguem se libertar dessa ficção.
Explicando melhor: são pessoas que acham que a vida é um conto de fadas, uma comédia romântica ou o enredo da novela das 8. Preferem viver a mentira, viver em um mundinho só delas, com medo de encarar a realidade e o mundo real. São pessoas que escolheram cair dentro da toca do coelho e viver lá para sempre. Para saber mais, leia o post abaixo desse, ou clique aqui.
Mas, não é por isso que eu quero Viver no Mundo de Alice. Muito pelo contrário. Essa forma alienada de estar no mundo de Alice me abomina; espero eu nunca caia nesta toca do coelho; provavelmente é um caminho sem volta.
Eu quero Viver no Mundo de Alice, porque ali não tem conto de fadas; não é um mundo cor-de-rosa, é o mundo que mais se aproxima do mundo real. Ou seja, cheio de pessoas que não gostam de você, caminhos errados, tentações e incertezas. Cada decisão que Alice toma, afeta drasticamente sua vida.
Por isso eu gosto tanto de Alice no País das Maravilhas. É um conto fantasioso, mas sem toda a baboseira sentimentalista e muito menos sem a sensação ou a função de iludir as pessoas. Alice paga pela sua curiosidade e precisa sozinha descobrir um caminho para sair ilesa da toca do coelho.
Alice, apesar de pequena e sozinha, não se desespera. Ela tenta encontrar sozinha – e com ajuda de seres para lá de estranhos, complicados, confusos e mentirosos, a saída para a confusão que caiu – literalmente falando. Uma das coisas que eu mais gosto em Alice no País das Maravilhas se forem comparar com outros contos: ela não espera que alguém a salve, ela mesma sabe que precisa sair de lá, sozinha.
E o principal de tudo, Alice no País das Maravilhas mostra, no final, que Alice sabia que aquilo não era realidade; que a vida era outra, chata e monótona como sempre. Ela se perdeu por alguns momentos em um mundo diferente, mas não pretendia ficar presa ali por muito tempo; tinha consciência de que deveria voltar para a realidade, por pior que ela seja.
É por isso que eu quero Viver no Mundo de Alice. Primeiro, porque toda a história tem um final – e invariavelmente sabemos como essa história terminará antes mesmo dela estar no meio. É claro, que até eu que sou mais boba gostaria de, pelo menos ter uma leve noção de como seria a minha vida; escapar um pouco do Murph faz bem para a saúde.
Segundo porque é um mundo mais cruel – ou tão cruel quanto o mundo real. A realidade não é cor-de-rosa, onde podemos sentar e esperar até que um príncipe ou um protagonista de comédia romântica venha nos salvar. Se você não levantar a bunda da cadeira, nada vai cair do céu, muito pelo contrário, já que quanto mais parado você ficar, mais chances de ficar preso no mundo de Alice você estará.

Eu queria Viver no Mundo de Alice para brincar de “fora da realidade” por alguns instantes e saber que eu posso voltar ao mundo real são e salva; de poder saber como certas coisas irão terminar; para ter um script a seguir e saber que alguém escreveu um final decente – não disse feliz, muito menos happy after ever. Eu queria ser Alice.

E para quem quiser ler: Alice no País das Maravilhas

PS: Ainda não consegui assistir ao filme. Não sei o que Tim Burton aprontou e tenho medo de saber. Prometo fazer uma resenha quando tiver a chance de assistir. Ou seja, a foto do Johnny Depp é apenas para embelezar o texto.

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