sábado, 11 de setembro de 2010

Pessoas que encontramos pela vida

Depois de muitas recomendações, ontem o Telecine colaborou comigo e eu assisti 500 dias com ela (ou 500 Days of Summer), de 2009. O filme é muito ruim. Basicamente aquele velho lero-lero de Hollywood sobre o cara que encontra a menina, se apaixona, toma um pé na bunda, fica na fossa, supera tudo e fim. Ou seja, nada do que você ainda não tenha visto antes, tanto na ficção, quanto na realidade.
Tom (Joseph Gordon-Levitt) conhece e se apaixona pela colega de trabalho, Summer (Zooey Deschanel). O diretor do filme conta a história como se ela fosse pequenos clipes; intercalando os bons e maus momentos. O detalhe da trama é que, diferente de outros filmes água com açúcar, os papéis são invertidos: normalmente a mocinha sofre de amores pelo mocinho que a renega. Inverta isso e terá o enredo do longa. Bom, até esse ponto é uma grata surpresa; é tão difícil fazerem os machões chorarem de amor pelas mulheres.
O problema da história de amor dos dois é que Summer não acredita no amor (ok, não que isso seja o fim do mundo, vamos deixar claro); ou seja, ela não está ligando nem um pouco para o que Tom sente. É algo tão casual que se Tom largar Summer, ela nem vai ligar. Mas é claro que é o oposto que acontece e quando Summer larga Tom, ele fica na fossa.
E é nesse ponto que eu quero chegar. A Summer é a personificação da pessoa filha da puta (ok, desculpe o palavrão, mas não achei nada melhor para descrever). Quem nunca encontrou uma pessoa assim na vida? Olha, se você nunca encontrou agradeça, porque não é fácil lidar com alguém assim.
Summer sabe que Tom é apaixonado por ela (e não é tão difícil descobrir quando alguém está apaixonado; tem um letreiro luminoso piscando na testa incansavelmente), e sabe que ele fará tudo para conquistá-la. E Summer, na falta de ter o que fazer (sabe aquele tédio que bate ás vezes, pois é, ela deveria estar entediada) dá corda para Tom. É aquela velha história: não tenho nada para fazer, ele gosta de mim, vou lá gastar meu tempo. Depois se eu mudar de ideia eu invento algo e desapareço.
Só que Summer é aquele tipo de pessoa que pouco se importa. Ou seja, para ela tanto faz se durar um dia, uma noite ou vários meses. Um belo dia ela vai acordar e mudar de ideia, cansar e partir para outra.
E é claro, que pessoas que são filhas da puta iguais a ela pouco se importam com quem está ao seu redor. É um tipo de egoísmo humano desenfreado, de andar de cabeça baixa olhando somente para o próprio umbigo.
Ao invés dela dizer a Tom que não queria mais, ela foi se tornando fria e distante. Até sumir. E a pior coisa que alguém pode fazer para quem está apaixonada é sumir; isso é a maior das covardias que o ser filho da puta pode fazer – e é claro, que ele sempre faz, já que não tem coragem de encarar a realidade.
No final, depois de recuperado (porque todo mundo sempre se recupera, por maior que seja a rasteira que uma Summer tenha te dado), Tom acaba a reencontrando e descobre que ela casou. E que ela estava com outro enquanto dançava com ele, alimentando os sentimentos do rapaz, sem que ele soubesse de nada. Sabe aquele tipo de coisa: “olha só, ele ainda gosta de mim; como eu sou foda”.
O que mais me desanima nos relacionamentos é isso. Encontrar esse tipo de gente que não liga para exatamente nada; nem para ela mesma, se duvidar. Acho que são coisas tão desnecessárias, sem sentido.
Gosta, então goste de verdade. Se gostou e agora não gosta mais, diga, explique, deixe isso claro. Agora criar a expectativa e deixar a pessoa ali, isso não se faz. Por mais que você seja seguro de si e do que quer. Há certas coisas que somente seres filhas da puta conseguem fazer sem sentir remorso.
É aquela velha história: Se não tiver coração, que pelo menos tenha consciência de que você pode afetar positivamente ou negativamente a vida de alguém com apenas um gesto. Sinceridade é tudo; ninguém vai morrer ao ouvir: “não te quero mais”, mas certamente o desaparecer sem explicação vai deixar muitas marcas.

2 comentários:

Dinho Caricaturas © disse...

Hmm senti uma ponta de indignação... Já arpontaram com vc Vivian? ..
Eu concordo com vc, essa filhadaputice tem que ter fim.. Acredito ser meio difícil sumir completamente, pois tem pessoas que acham vc até na porta do inferno, mas isso de largar o relacionamento na merda, deixar passando o tempo, nao se preocupar com nada, principalemnte com a outra pessoa, nao se faz..

Uma coisa legal de lembrar tbm é que as vezes mesmo sem querer, nossos atos podem mudar completamente a vida de uma pessoa..já sofri com amor platonico, sei o que é ver a pessoa amada em mil situações que fazem vc sofrer e não poder fazer nada..aí nesse caso a garota nao tinha culpa de nada... por isso é bom se declarar.. pelo menos vc nao sofre tanto! rsrs

dei risada no começo do texto:"Depois de muitas recomendações, ontem o Telecine colaborou comigo e eu assisti 500 dias com ela (ou 500 Days of Summer), de 2009. O filme é muito ruim." foi curta e grossa heim! ahuahuahuuh

só discordo no que vc falou "nada do que vc tenha visto na ficção ou na realidade".. pq na realidade sim, é exatamente isso o que acontece, acho que a sacada do filme foi mostrar o que nenhum outro filme mostrou: a dura e patética realidade.


Ótimo texto Vi.. posta mais aí vai

Isis Nogueira disse...

Olha fiz um comentário no blog de jornalista que você participa e fiquei apaixonada.

Gostaria de vê-la seguindo o meu blog também, quero estar pertinho de pessoas que pensam como você para ser meu espelho de vida jornalistica.

http://isisnogueiras.blogspot.com/

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