segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Você decide. Será mesmo?

Acho que quem lê esse blog certamente está cansado de me ouvir falar da Indústria Cultural ou da Sociedade do Espetáculo. Mas me perdoem depois que você é inserido dentro deste universo não dá mais para negá-lo.
Está tudo tão na sua cara que você quase tropeça. Tudo tão igual que nem surpreende mais; são programas, filmes e pessoas tão iguais que para achar alguém que realmente te passe algo de novo é preciso vasculhar muito.
Um trecho extraído do livro Comunicação e Sociedade do Espetáculo de Cláudio Novaes Pinto Coelho, 2006, p. 89 exemplifica bem o que eu quero dizer:

“a diferença entre o Programa Big Brother Brasil, da Rede Globo e o programa Casa dos Artistas, do SBT, é ilusória, assim como a diferença entre os provedores de internet Universo On Line e América On Line. Mas essa ilusão é socialmente necessária: a crença na existência da concorrência e na liberdade de escolha é um componente essencial da ideologia dominante no capitalismo” ( Communicare, V.2, nº2, 2002, p.36).

O que mais me preocupa é essa febre por reality show. Até quando as pessoas vão continuar com essa ilusão de que elas que decidem quem ganha e quem sai do programa? Ou que por algum caso algum deles é diferenciado. Ninguém percebe que todos os participantes foram escolhidos com o propósito de se moldar a esse tipo de espetáculo para que você possa consumir sem perceber? Quem entra, quem sai, quem vence cada prova e quem será o querido do público já foi escolhido previamente; você não tem voz nenhuma em nada disso. Apenas senta, assiste e consome sem se perguntar nem o porquê, ou se aquilo é relevante na sua vida. O segredo é você ter a sensação de uma daquelas pessoas poderia ser você.
É um jogo de interesse entre os participantes, a mídia e os patrocinadores. O último caso disto foi a eleição do 8º integrante do CQC. Descaradamente algo com cartas marcadas. Ajuda na edição, concorrentes de que comuns não tinham nada. E para tentar disfarçar eliminaram o motivo de todo o protesto e mesmo assim continuou na cara quem são as cartas marcadas.
E o pessoal vai lá, vota, torce, se mata para que o seu eleito seja o grande vencedor. Pura balela. Você não decide e nunca decidirá nada. Tudo já foi planejado desde o começo para causar a impressão de que o público tem o poder; mas na verdade só querem te fazer acreditar nisso.
Os conteúdos estão tão vazios que qualquer mera competição, seja para eleger o ganhador de uma fazendo ou uma top model vira sinônimo de febre; a única coisa que as pessoas conseguem consumir é isso; é simples, fácil e não precisa de compreensão ou explicação aprofundada.
A identificação pessoal com o fato midiático é que faz com que ele seja consumido à exaustão. O resultado isso é a criação de um modelo que é vendido para todo mundo como algo revolucionário; e a cada nova exibição se muda a roupagem, mas nunca o conteúdo principal.
Enquanto as pessoas estão entretidas, se vendo refletidas e consumindo o produto, a indústria cultural trata de lançar campanhas para que outros produtos sejam consumidos por conta desses programas.
Você nem ao menos escolhe mais a marca do jeans que vai vestir; a mídia faz isso por você ao colocar marca X no programa onde você pensa que decide. Cada produto foi criado fielmente para dar essa sensação de que o telespectador escolhe e assim sendo tem o controle da própria vida.
E quanto mais a indústria cultural empurra para o telespectador produtos midiáticos como este, mais é a fúria de consumi-lo e tentar ser a mais nova sensação do momento; sem ao menos ao certo perceber o que tudo isso significa e a falta de mensagem e conteúdo que você compra.
Não é necessário dispor de muita atenção para saber que quanto mais produtos são vendidos (entenda-se produto por programas de televisão), mais as pessoas se esquecem de que eles deveriam conter algum conteúdo. Não se debate mais para chegar a uma solução, a ideia agora é apenas te prender para que você observe aquele fato, se identifique, se veja refletido nele e por final o consuma.
Não caia no conto do vigário de que você é aquilo que você deseja e não algo que a sociedade do espetáculo quer que você seja. De tanto consumir você acaba sendo uma cópia fiel de tudo o que ela apresenta; e o pior que nem percebe o caminho pelo qual foi levado.
É preciso parar com essa mania de pensar que os realities shows selecionam pessoas comuns e que não estão lá apenas para compor um quebra-cabeça muito bem montado com um final totalmente previsível.
E a meu ver, quanto mais a mídia tenta negar essa manipulação – seja por imagens editadas, pessoas selecionadas, pior a imagem dela ficará perante a quem percebe o que ocorre. Não é tão difícil perceber.
Assim como em qualquer começo de filme você é capaz de saber o final e como o herói foi criado, nos reality shows e qualquer outro programa você também consegue perceber o que a indústria cultural quer que você assista, use, pense e consuma.


OBS1: Teorias baseadas na Sociedade do Espetáculo de Guy Debord e Comunicação e Sociedade do Espetáculo de Cláudio Novaes Pinto Coelho.

OBS2: Sim, como você leu na minha bio aí do lado eu sou Jornalista então na mente de alguns eu não deveria criticar a mídia, já que faço parte dela. Mas não é porque eu faço parte que eu preciso compactuar com tudo o que há nela.

domingo, 20 de setembro de 2009

A televisão e o deslumbramento juvenil

Imagine-se em um local cheio de adolescentes histéricos que nem ao menos sabem ao certo que diabos estão fazendo lá. Imaginou? Agora você sabe, por um acaso o porquê disto tudo? Vou tentar explicar dando o exemplo de um fato que me ocorreu ontem. Ontem fui assistir a mais um stand-up – sim, meu vício resolveu ultrapassar as barreias do youtube e a vontade de ver ao vivo e em cores falou mais alto este ano. O final do show me fez repensar as consquências e os malefícios da televisão na vida das pessoas, principalmente dos jovens.
Houve um verdadeiro amontoado de gente no final do espetáculo para conhecer o Marco Luque – sim, confesso eu estava lá. Até aí tudo bem, se a maioria não fosse formada por adolescentes sem educação que acabaram por deixar os produtores nervosos e estragaram a oportunidade de quem estava lá quieto. Nisso admito que o Danilo Gentili foi melhor e deu mais atenção para quem queria parabenizá-lo pelo trabalho feito.
O que eu fico pensando: Isso aconteceria se ele não estivesse fazendo um programa na televisão? Quantas pessoas e garotos de lá o conheciam antes do CQC?
Meu vício por humor inteligente e de qualidade – isso exclui Pânico na TV! e o Zorra Total – começou com o
Improvável e com este vídeo que eu nem lembro quem me passou (se o culpado quiser créditos, fique a vontade), que acabou me viciando e eu acabei por viciar outras tantas pessoas que provavelmente viciaram tantas outras – a melhor propaganda que eles podiam querer é essa.
A partir de então eu comecei a fuçar nos vídeos do
Marco Luque, que sinceramente nem sabia quem era e busquei mais vídeos do Rafinha Bastos e dos Barbixas.
Graças ao youtube eu descobri o talento desses três, Daniel, Elídio e Anderson. São vários
vídeos hilários além dos comerciais muito bem sacados para uma universidade. Dentre as minhas buscas por vídeos do Rafinha Bastos achei o Danilo Gentili que faz o humor que eu mais gosto: sem medo de falar o que pensa e que não se intimida com a platéia.
Eu assisti e vi todos eles muito antes de saber que o
CQC existia. Muito na verdade lhes confesso que ano passado mal tinha tempo para assistir televisão.
A questão é, será que metade do público que eu vi em duas ocasiões, na do
Danilo Gentili e na do Marco Luque estiveram lá pelo talento deles ou porque apenas são mais um rostinho que aparecem na televisão?
Os meus estudos sobre a fadada Sociedade do Espetáculo e a Indústria Cultural me levam a afirmar que esses profissionais não teriam metade dos ingressos vendidos se não fosse pelo programa que participam. Sim, admito que eles são ótimos comediantes e merecem sucesso que alcançaram; a questão aqui é que o público não vê o conteúdo mais e sim o fato de tirar foto e chegar perto do “cara que é famoso e aparece na televisão”.
Os meninos da
Cia Barbixa começaram a colocar os vídeos no youtube e já se tornaram uma febre, muito boa, diga-se de passagem. O inovador ganhou espaço e eles conquistaram por direito um programa na MTV, o Quinta Categoria apesar de eu odiar o quarto elemento deste programa - vulgo Marcos Mion.
É claro que aparecer na televisão alavanca a carreira de qualquer um. A questão discutida aqui é qual o público que resta para eles neste sentido. Se é alguém que os admira pelo trabalho realizado (conteúdo) ou simplesmente pelo deslumbramento que há causado pela televisão – o culto a imagem sem se preocupar com o conteúdo.
Esses profissionais que eu citei já são um sucesso por si só. A televisão só veio como complemento disso. A consquência desse aparecimento são os adolescentes histéricos e sem rumo que passam a cultuá-los como uma imagem apenas, sem ao menos sequer pensar no que eles produzem ou no sentido das frases ditas e soltas nos Stand-ups e até mesmo no twitter.
Os jovens querem apenas aquele minuto de fama, contar para todo mundo que tirou foto, abraçou, beijo o “fulano” de tal que aparece na televisão. O preço que se paga por uma relação assim, acredito eu que é alto. Talvez, apenas talvez se esses jovens realmente começassem a escolher seus ídolos pelo o que eles têm a dizer e não pela imagem que eles passam, não veria tanta histeria e má educação por parte dos adolescentes.

É claro que nem tudo pode ser levado a ferro e fogo. Mas uma vez que se tem consciência de todo esse processo, é difícil ignorá-lo e aceitar a mentira que é produzida pela Indústria Cultura.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Cabeça oca

Todo mundo sempre reclama de ter que ir para a escola, seja em que fase for da vida: ensino fundamental, médio ou superior. Parece uma tortura ter que se deslocar de casa, cansado e aguentar as aulas do dia, fazer os trabalhos, ler os livros... Enfim, toda a rotina de estudante.
Vamos citar aqui especificamente a faculdade.
E quando acaba é aquele alivio. Alegria que não acaba mais. Já começa a fazer planos para o tempo livre que vai ter, esconde todo o material, joga de lado qualquer ideia de quem um dia cursou uma faculdade.
O primeiro mês é mais do que emocionante essa sensação. Vai assistir a todos os filmes, séries, colocar o sono em dia. Fazer tudo aquilo que a faculdade não deixava. Lembrava que tal hora ia estar na aula de teoria nãoseidoque.
O segundo mês ainda é uma sensação boa. Começa a achar coisas novas para ler, pessoas novas para conversar na net. Tira a poeira do Orkut, blog. Até cria coragem e se arrisca no Twitter.
O terceiro mês a coisa já começa a esfriar e você se pega jogando em sites que tem jogos em flash e conversando com quem em sã consciência nunca conversaria. Começa a ler tudo o que aparece pela frente e começa a vomitar opinião sobre tudo ou sobre todos. Tentando ainda inutilmente fazer de conta que está em um círculo de intelectuais.
A partir do quarto mês o bicho pega; e quando eu falo em pegar, eu digo pegar para valer. O tédio bate e trás consigo o mais temido de todos os sentimentos, o desespero. O cérebro começa a atrofiar e a falta de ter o que fazer começa a consumir você mesmo que lute contra. Chega até uma hora que você quase sente o eco dos pensamentos de tanto que a cabeça está oca. Até o Tico e o Teço já saíram de férias ou estão em estado alcoólico ou de coma e não respondem mais com a mesma rapidez de outrora.
E por incrível que pareça você sente vontade de voltar a estudar. Vontade não, quase se obriga a voltar a estudar nem que seja para aprender turco ou latim. A rotina de quase 20 anos de estudo criou um hábito em qualquer um. Não se consegue mais ficar parado. O faniquito é tanto que é impossível ficar longe dessa vida.
É um vício. Estudar decididamente é um vício do qual eu ainda não achei cura – e sinceramente, não sei se quero achar. Nunca em meus quase ¼ de século eu fiquei sem estudar. Este é o primeiro ano sem preocupações com o vestibular, cursinho, livros, trabalhos, seminários e afins. A felicidade de dormir cedo durou acho que uns três meses.
O trabalho cansa, mas mesmo assim o vício do estudo persiste. E é inegável que se eu não voltar a estudar ano que vem, nem que seja para terminar meu curso de inglês e começar outro idioma eu sentirei minha cabeça ficar desesperadamente mais leve a cada dia.
Tenho medo que essa escassez de estudo acabe com todo o conhecimento acumulado. Como se todo o aprendizado se evaporasse quando não usado. Será que algum dia esse vício do estudo acaba? Ou ele é como o vício que eu adquiri da leitura, só cresce a cada dia que passa, como se o livro fosse um produto vital para a sobrevivência.
E a falta da faculdade não se dá apenas pelo fato do estudo e todo o trabalho resultante dele. Conhecer pessoas, ter contato com gente diferente que tem história para contar é o melhor disso. As teorias mais malucas da minha vida foram feitas dentro de uma van, com mais 10 pessoas igualmente loucas – isso inclui o motorista.
A falta disso é tanta que eu estou pensando seriamente em qual loucura vou me meter ano que vem. E é claro que vai ser só me matricular em algum curso para começar toda a ladainha outra vez: reclamação do grupo que não faz trabalho, dos professores, dos colegas de sala, do excesso de trabalhos. E por aí vai... e vai longe!
Acho que nós somos sado masoquista. No fundo adoramos esse sofrimento. É, ou não é?

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O problema em ser sincero

- Vou te perguntar uma coisa, mas tem que prometer que vai ser sincero.
- Ok, pode perguntar, eu sou sempre sincero.
- Gostou do meu texto?
- NÃO.
...
- Sua arrogante, invejosa. Esse texto é ótimo.
- Então porque perguntou?


Quem nunca passou por isso? A pessoa pede pra você ser sincera e depois reclama da resposta. As pessoas estão tão acostumadas com a falsidade social e a sempre receber elogios – ou pior a receber um elogio sem motivo, pois na maioria das vezes quem elogia nem leu ou viu o que está elogiando. É tão difícil assim lidar com críticas? Depende de quanto a pessoa está aberta para receber. Tem críticas construtivas e negativas.
As construtivas geralmente partem das pessoas sinceras que estão interessadas em acrescentar algo relevante e querem ver a pessoa se dar bem; com essas pessoas é bom conversar porque você sabe que sempre que precisar vai ter a visão exata daquilo que perguntou à ela. As negativas geralmente partem das pessoas invejosas que não tem a mesma capacidade para fazer o projeto, mas mesmo assim colocam defeitos inexistentes e dão sugestões de algo mirabolante que certamente dará errado. São as pessoas Filhas da Puta que vieram ao mundo só para foder com os outros.
Todo o trabalho que se faz está sujeito a criticas. Cada um tem uma maneira de pensar, uma visão das coisas. E é claro que cada um vai ter uma critica – relevante ou não a fazer sobre o que você produziu. O problema é se você vai aceitar ou não essa crítica.
As pessoas não estão mais habituadas a ouvir a verdade. Geralmente elas ficam acomodadas àquela falsidade de que tudo o que faz está bom, é lindo e vai fazer sucesso – quando na verdade é ao contrário, mas ninguém está nem aí já que quem vai se ferrar é você. Quando chega alguém realmente sincero é que a coisa fica feia; ela é taxada de arrogante, invejosa e metida. Tudo por conta da sinceridade.
Sou muito mais uma critica bem feita do que um elogio mal dado. Por isso mesmo que às vezes vejo pessoas – e eu mesma, sendo taxada de mal-humorada e arrogante por abrir mão da falsidade e se jogar na sinceridade. Que mal há nisso? Sinceridade não vai condenar ninguém a pena de morte ou será que as pessoas adoram viver no mundo de Alice?
Sinceridade nunca matou, nem vai matar ninguém. Não consigo entender quem prefira um elogio falso a uma crítica sincera. De nada adianta ficar feliz por algo que ninguém se importa o bastante para realmente ser sincero a respeito?
A falta de sinceridade só mostra o quanto a pessoa não se importa realmente conosco. E de pessoas assim eu quero distância.
Mas lembrando que a sinceridade não precisa ser ácida ou mal criada. Nunca exija perfeição de alguém se você nem de longe consegue chegar ao mesmo nível. Sinceridade é dar toques, fazer observações realmente relevantes. Não é por isso que a pessoa vai querer impor sua opinião ou seu jeito.
Praticar a sinceridade é algo tão bom. É como se tirasse um peso das costas da obrigação de ser “socialmente” agradável com todo mundo. Se acha que o trabalho ou o texto – seja lá o que for não está bom, diga, aponte o que pode ser melhorado.
Não há nada mais irritante quando alguém passa os olhos, vira de lado, dá de ombros e fala “serve”, “está bom”.

Ah e se você não gostou desse texto, seja sincero pelo menos...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Cérebro ou um rostinho bonito?

Uma vez alguém me disse: “Você nasceu no país errado, aqui ninguém liga para cérebro”. Claro que eu fiquei muito brava, afinal de contas não é fácil ser chamada de baranga na cara dura.
Mas, diga-se de passagem, que o que ele falou é uma verdade universal. Graças a Sociedade do Espetáculo (Debord, te amo gato!) e o esvaziamento do conteúdo é muito mais provável atualmente um rostinho bonito com cérebro vazio obter mais sucesso e chances profissionais do que alguém que realmente tenha um pingo de capacidade. Não estou falando em ser um gênio, mas ser capacitado para o trabalho, possuir Know-How.
As pessoas preferem muito mais falar com a aparência do que com o conteúdo da pessoa. É muito melhor e mais cômodo apenas observar a beleza do que parar para prestar atenção ou ouvir o que uma pessoa tem realmente a dizer.
A beleza não precisa ser entendida, muito menos explicada. Ela não precisa de estudo, não precisa abrir a boca. Seu instrumento de trabalho é o corpo. Tanto é que as poucas vezes que é obrigada a abrir a boca, uma montanha de pérolas se forma em pouco menos de 5 minutos.
As pessoas s acostumaram a tanto esse estereótipo de “come com os olhos e lambe com a testa” que acabaram por colocar todos neste mesmo patamar. Acredita-se que hoje ninguém consegue nada sem teste do sofá ou tendo a genética a seu favor. O teste de QI é medido pela quantidade de olhares e de cantada de pedreiros que ela recebe. Arrancou suspiros, aceitou se submeter a trabalhar seminua e sem abrir a boca, mas explorando o corpo, então PARABÉNS você faz parte do seleto grupo que tiveram a sorte de ter uma genética boa e que não veem problemas em se submeter ao ridículo como se fosse um pedaço de carne por aí.
Agora por outro lado se você sabe que seu potencial vai além de um tórax definido e de uma bunda empinada, saiba que infelizmente o seu caminho vai ser mil vezes mais complicado do que se você aceitasse a ter uma boa genética. Quem tem cérebro precisa provar que é capaz 10 vezes mais do que quem apenas usa o corpo para se promover. A oportunidade de começo vai aparecer muito mais tarde.
E nós que prezamos pela nossa inteligência e não admitimos nos humilhar para conseguir ser notado passamos pela fama de nerds, intelectualóides e chatos. Querer de aprimorar, estudar ou seguir uma carreira que utilize os neurônios que seus pais lhe deram é uma tarefa até que fácil. Difícil é observar que nada disso adianta frente o esvaziamento do conteúdo da sociedade atual.
É muito mais fácil não pensar do que pensar; copiar histórias do que criá-las; adotar estereótipos do que ter o próprio. É mais fácil se deixar moldar pelo espetáculo e se submeter a ele do que confrontá-lo.
Algumas pessoas só precisam de uma primeira chance para mostrar do que são capazes. E é esse o maior problema, como competir em uma sociedade que presa mais a forma do que o conteúdo?
Estudar no Brasil não dá futuro, muito menos reconhecimento. É remar contra a maré e se frustrar a cada dia, cada minuto em ver pessoas “vendendo” seu trabalho como imagem e não como uma ideia
É por tudo isso, por essa ida sem volta da indústria cultural e da sociedade do espetáculo juntamente com o esvaziamento de conteúdo é que eu digo: Na minha próxima encarnação eu quero nascer burra e gostosa. Assim as coisas serão muito mais fáceis. Para que cérebro nos dias atuais?

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