domingo, 20 de setembro de 2009

A televisão e o deslumbramento juvenil

Imagine-se em um local cheio de adolescentes histéricos que nem ao menos sabem ao certo que diabos estão fazendo lá. Imaginou? Agora você sabe, por um acaso o porquê disto tudo? Vou tentar explicar dando o exemplo de um fato que me ocorreu ontem. Ontem fui assistir a mais um stand-up – sim, meu vício resolveu ultrapassar as barreias do youtube e a vontade de ver ao vivo e em cores falou mais alto este ano. O final do show me fez repensar as consquências e os malefícios da televisão na vida das pessoas, principalmente dos jovens.
Houve um verdadeiro amontoado de gente no final do espetáculo para conhecer o Marco Luque – sim, confesso eu estava lá. Até aí tudo bem, se a maioria não fosse formada por adolescentes sem educação que acabaram por deixar os produtores nervosos e estragaram a oportunidade de quem estava lá quieto. Nisso admito que o Danilo Gentili foi melhor e deu mais atenção para quem queria parabenizá-lo pelo trabalho feito.
O que eu fico pensando: Isso aconteceria se ele não estivesse fazendo um programa na televisão? Quantas pessoas e garotos de lá o conheciam antes do CQC?
Meu vício por humor inteligente e de qualidade – isso exclui Pânico na TV! e o Zorra Total – começou com o
Improvável e com este vídeo que eu nem lembro quem me passou (se o culpado quiser créditos, fique a vontade), que acabou me viciando e eu acabei por viciar outras tantas pessoas que provavelmente viciaram tantas outras – a melhor propaganda que eles podiam querer é essa.
A partir de então eu comecei a fuçar nos vídeos do
Marco Luque, que sinceramente nem sabia quem era e busquei mais vídeos do Rafinha Bastos e dos Barbixas.
Graças ao youtube eu descobri o talento desses três, Daniel, Elídio e Anderson. São vários
vídeos hilários além dos comerciais muito bem sacados para uma universidade. Dentre as minhas buscas por vídeos do Rafinha Bastos achei o Danilo Gentili que faz o humor que eu mais gosto: sem medo de falar o que pensa e que não se intimida com a platéia.
Eu assisti e vi todos eles muito antes de saber que o
CQC existia. Muito na verdade lhes confesso que ano passado mal tinha tempo para assistir televisão.
A questão é, será que metade do público que eu vi em duas ocasiões, na do
Danilo Gentili e na do Marco Luque estiveram lá pelo talento deles ou porque apenas são mais um rostinho que aparecem na televisão?
Os meus estudos sobre a fadada Sociedade do Espetáculo e a Indústria Cultural me levam a afirmar que esses profissionais não teriam metade dos ingressos vendidos se não fosse pelo programa que participam. Sim, admito que eles são ótimos comediantes e merecem sucesso que alcançaram; a questão aqui é que o público não vê o conteúdo mais e sim o fato de tirar foto e chegar perto do “cara que é famoso e aparece na televisão”.
Os meninos da
Cia Barbixa começaram a colocar os vídeos no youtube e já se tornaram uma febre, muito boa, diga-se de passagem. O inovador ganhou espaço e eles conquistaram por direito um programa na MTV, o Quinta Categoria apesar de eu odiar o quarto elemento deste programa - vulgo Marcos Mion.
É claro que aparecer na televisão alavanca a carreira de qualquer um. A questão discutida aqui é qual o público que resta para eles neste sentido. Se é alguém que os admira pelo trabalho realizado (conteúdo) ou simplesmente pelo deslumbramento que há causado pela televisão – o culto a imagem sem se preocupar com o conteúdo.
Esses profissionais que eu citei já são um sucesso por si só. A televisão só veio como complemento disso. A consquência desse aparecimento são os adolescentes histéricos e sem rumo que passam a cultuá-los como uma imagem apenas, sem ao menos sequer pensar no que eles produzem ou no sentido das frases ditas e soltas nos Stand-ups e até mesmo no twitter.
Os jovens querem apenas aquele minuto de fama, contar para todo mundo que tirou foto, abraçou, beijo o “fulano” de tal que aparece na televisão. O preço que se paga por uma relação assim, acredito eu que é alto. Talvez, apenas talvez se esses jovens realmente começassem a escolher seus ídolos pelo o que eles têm a dizer e não pela imagem que eles passam, não veria tanta histeria e má educação por parte dos adolescentes.

É claro que nem tudo pode ser levado a ferro e fogo. Mas uma vez que se tem consciência de todo esse processo, é difícil ignorá-lo e aceitar a mentira que é produzida pela Indústria Cultura.

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