segunda-feira, 12 de julho de 2010

Give me a break

Eu queria dormir e acordar em uma realidade alternativa. Não estou falando de tomar chá de cogumelo, muito menos de ingerir qualquer outra substância alucinógena. Se por um dia, apenas um dia você pudesse ter e ser tudo aquilo que imaginou. Já pensou como seria?
Todo mundo precisa de um tempo. Ainda mais quando se bate sucessivamente na mesma tecla. As repetições cansam e muitas coisas perdem o sentido. Não há quem agüente – não pelo menos mantendo a sanidade em dia. É o famoso: “pare o mundo que eu VOU descer”.
E se você pudesse ter um dia só seu, do jeito que quer pode imaginar como ele seria? E se depois de fazer tudo o que gostaria, de se sentir bem, descobrisse que alterou drasticamente as coisas. Ou seja, mudou sua realidade e quando voltou, tudo ficou diferente.
É mais ou menos isso que acontece no último filme do Shrek, intitulado de
Shrek Para Sempre. No primeiro filme ele era um ogro, que não queria mudar de jeito nenhum. No segundo ele continuou resistindo a mudança, mas teve que admitir que mudar era bom. No terceiro, veio a mudança mais drástica: três pequenos diabos, quero dizer, filhos para alegrar a vida do ogro.
E o que aconteceu nesse meio tempo? Ora, o que acontece com todo mundo que “muda”. Ninguém aceita que precisa mudar. É a velha história: Casados sentem falta da solteirice; os solteiros sentem falta de quando estavam namorando e por aí vai.
Ninguém nunca está satisfeito. O problema é quando o copo enche demais e a paciência e a saudades do passado transbordam. O que fazer? Bom, Shrek trocou a vida boa de casado e pai de três diabretes por um dia de solteiro, quando assustava todo mundo e se sentia o máximo.
E claro que até mesmo nos contos de fadas (ou pseudo contos de fadas) as ações têm conseqüências. E Shrek fez um acordo com Rumpelstiltskin (quem leu os contos dos Irmãos Grimm vai se lembrar dele. Quem não leu, está na hora de ler). Shrek queria um tempo então trocou um dia do seu passado por um dia para voltar ser aquele ogro de antigamente.
E quando você aparentemente muda, tudo muda. Ou seja, Shrek não salvou Fiona, não teve filhos e o reino de Far Far Away na verdade é de Rumpelstiltskin; o vilão. E o que acontece? Ora, o obvio: Shrek começa a sentir falta de tudo aquilo que ele tinha. É o famoso clichê: “só nos damos conta do que temos quando perdemos tudo”.
Para a sorte, Shrek pode voltar para boa e velha vida de ogro casado e pai de três fofuras. Bastava apenas ele dar um beijo no seu amor verdadeiro (ou seja, um ótimo gancho de união entre o primeiro e o último filme). Não que esse último filme seja ruim. Mas ele é bem mais sentimental que os outros, mas ainda muito melhor que o terceiro. Porém não supera o primeiro, que tinha muito mais ironia e acidez.
Mas, mesmo assim foi uma boa despedida para o ogro e sua família de contos de fadas quase perfeito. Pelo menos a Disney se deu conta que seus contos de fadas são ultrapassados e só servem a um propósito: Servir de chacota para animações do gênero.
A trilha sonora também não é de todo mal. Fecharam com chave de ouro ao escolher a música tema do primeiro filme, "I'm a Believer" do Smash Mouth. Uma das coisas que eu mais gosto do filme decididamente é a trilha sonora.

Resumindo: O que dá para tirar de lição do filme a não ser que o Gato de Botas ficou ainda mais meigo balofo e o Burro sempre será o Burro?
Simples: Mudar não é fácil. As pessoas se acomodam demais àquilo que tem e esquecem que há outras opções ao seu redor. A comodidade é o que mais me irrita no ser humano. Vive-se uma vida “infeliz”, conformada e maçante só porque se está muito mais seguro naquilo que é conveniente do que no desconhecido.
E qual é a graça disso? A vida é muito curta para viver acomodado a algo que nem lhe interessa mais. Qual é o problema em mudar? Ninguém consegue viver a mesma vida o tempo todo.
Todo mundo precisa de uma realidade alternativa. De acordar um dia e decidir que já é hora de se mover; que a vida em círculos não tem graça alguma.
Assim como todo mundo precisa de um tempo. Um tempo para tentar fazer as coisas certas; e um pouquinho de ajuda nisso não faz mal a ninguém. A não ser que você seja o House, todo mundo precisa e até mesmo merece uma chance.
Já imaginou quantas oportunidades não está perdendo nesse tempo todo? E há oportunidades que não voltam mais. Nem todo mundo tem a pode ter o luxo de sair do lugar comum, encontrar o que quer perder e recuperar. Isso só acontece nos filmes; ou melhor, só acontece no Shrek.

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