quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.


Esses dias me pediram para fazer uma lista das coisas que eu gostaria de fazer antes de morrer...

Aí eu lembrei disso:



Álbum de fotografias

Noventa.
Isso me soou como uma campainha. Mas não, não é possível. Parecia que mês passado lá estava eu curtindo meus primeiros anos de faculdade, meus primeiros trabalhos jornalísticos... Não, não pode ter sido há tanto tempo atrás...
Pensando nisso tudo agora, cada loucura que cometi durante essa minha vida. Como naqueles dias estressantes de faculdade onde dávamos um tempo em tudo e íamos para o bar relaxar, cheguei ao cúmulo de dançar no meio da rua, sem me importar em saber quem estava olhando. E no dia que resolvemos do nada sentar na sarjeta e comer uma boa pizza? Quem nos olhava pensava que éramos loucos.
Ou aquela viagem maluca de um dia para Campos do Jordão? Enfrentar horas de ônibus e um frio pra menos de seis graus não era pra qualquer um. O engraçado é que não fui uma vez, mas sim várias vezes. Todo ano praticamente.
Mas com certeza o melhor de tudo foi aceitar cobrir Copa do Mundo e as Olimpíadas. Sem pensar, arrumei minhas malas e fui. Não me importava nada, hospedagem, dificuldades. O importante era ir e fazer a diferença!
Fazer a diferença ou ser diferente como costumavam dizer meus amigos que me rotularam de “cabeça-dura”. Sempre segui minhas convicções, sendo assim nunca me casei por achar a instituição do casamento uma causa falida e perdida. Mas confesso, me apaixonei intensamente diversas vezes, mas nenhuma deu certo e decerto não guardo mágoa de nenhuma. Amei uma vez e me foi o suficiente, foi aquele que eu mais esperei acordar para a vida e perceber, e foi o que menos deu importância aos meus gestos. Surpresas da vida que nunca me aborreceram.
E nem por isso eu ligava de estar sozinha. Arrastava alguns amigos e saia pela cidade sem rumo. Qualquer lugar que fosse, se lá estávamos nós havia com certeza risada. Acho que é por isso que nunca senti solidão.
Pensando agora na minha profissão, acho que foi como um casamento, que me exigiu tempo, fôlego e paciência de não jogar tudo pro alto. Mas teve suas recompensas todo esse esforço. Todos os prêmios ganhos, todos os livros publicados, todos os seminários e palestras que dei a jovens com olhinhos brilhantes diante de mim.
Nunca pensei que pudesse um dia chegar e dizer: Sim, valeu a pena. Cada minuto, cada tombo, cada levantada, cada tropeço. Aos meus 20 não queria mais viver. Aos meus 90 olho para trás e como se olhasse um álbum de fotografias percebo tudo o que fiz e tudo valeu a pena na minha vida. Agora eu me pergunto como teria sido se não tivesse arriscado e vivido tudo isso? Não quero pensar, tenho muito que aproveitar ainda.





Isto foi escrito em 2006 para a matéria de prática de texto. Foi baseado no romance: Minhas Putas Tristes de Gabriel Garcia Marques

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